Se o peso do nome Natura já é grande somente pela grandiosidade dessa companhia de cosméticos, a sua ideologia naturalista certamente contribui para que a indústria tenha ainda mais impacto na decisão de quem a escolhe para comprar ou revender. Afinal, a marca além de ser uma das gigantes do setor de cosméticos também é uma das maiores no setor de vendas diretas, já que concentra grande parte do escoamento do estoque nas mãos das consultoras.
O fato é que quem compra Natura certamente já conhece o envolvimento com o meio ambiente que a marca possui. Um deles, é o fato de ser uma das poucas marcas de cosméticos que não faz teste em animais, o que garantiu à empresa o certificado Cruelty Free Internacial, em 2018.
Inclusive, a Natura foi a primeira empresa brasileira a obter a certificação e, por conta disso, acaba por ser um exemplo e tanto de sustentabilidade e de como é possível administrar uma grande companhia de cosméticos sem testes em animais.
Testes em animais é tão comum que, ao consumidor, é quase inevitável
Antes de entender em que pé a Natura está no ramo de sustentabilidade em comparação às demais companhias brasileiras, vale a pena entender porque os testes em animais são necessários. Ou melhor, se de fato o são.
O que acontece é que dificilmente alguém gostaria de fazer o teste em um animal para se certificar sobre a eficácia de um produto. Contudo, existe uma determinação prevista na lei n° 11794 que permite que substâncias novas sejam testadas previamente em animais (dos filos Chordata ou Vertebrata ) para que não corram o riscos de revelar seus verdadeiros efeitos somente nos humanos, mediante o uso.
Até mesmo em questão de legislação, que tendem a serem alteradas com mais lentidão, já se demonstram indícios mais proibitivos que permissivos. Tanto é que desde 2014, no Brasil, os estados de São Paulo e Mato Grosso já têm leis que proíbem testes cosméticos em animais. Além disso, vale lembrar que na maior parte dos países europeus essas técnicas são proibidas desde 2013.
No caso da lei brasileira, o texto autoriza os testes somente em ensaios científicos para medicamentos e produtos nos quais não existem métodos alternativos consolidados para a comprovação de sua eficácia – e é aí que as marcas pecam.
A própria Natura é uma prova de que, mesmo no setor de cosméticos – que é o maior utilizados de testes em animais – é possível fazer ensaios científicos com métodos alternativos. A marca já usa essas estratégias desde 1998, quando anunciou que iriam fazer a eliminação gradual dos testes em bichos de qualquer tipo.Mas então porque outras empresas não seguem o mesmo caminho?
Outras marcas de cosméticos como a Mary Kay, Avon, Johnson e Jhonson & Jhonson, MAC e L’Oreal Paris também já lançaram comunicados dizendo que irão diminuir a incidência dos testes em animais, algumas até decretando que só o fazem em caso de necessidade extrema (apesar dessa questão ter juízo variável) ou de que essa mudança radical exige tempo. Todas elas, no entanto, depois de anos (5 anos, em média, se considerar as recentes alternações nas leis) ainda continuam com as técnicas de testagem e poucas usam alternativas que mostrem avanços no abandono das velhas estratégias.
Não é somente no ramo de cosméticos que os testes em animais são utilizados. Na verdade, esses usos são tão improváveis que torna-se quase inevitável para o consumidor escolher um produto de empresa envolvida sem uma boa pesquisa prévia para qualquer item que for colocar na cesta do mercado.
Para se ter uma ideia, até mesmo o setor alimentício – como a produção de tomates, bananas ou alfaces – por se utilizarem de agrotóxicos, já têm algum envolvimento com o teste em animais.
Como funciona o sistema de testes da Natura
Apesar da conquista recente do selo contra violência animal, os métodos alternativos para testes de materiais da Natura não são nada recentes. Desde o início dos anos 2000 a marca se utiliza de modelos 3D de pele e córnea que possibilitam investigar reações de irritação e alergia.
O sistema é simples e não exige grandes investimentos, senão pela troca de toda a estrutura de testagem em animais pela versão 3D.
No vídeo, abaixo, há um vídeo que mostra brevemente como a impressora cria as amostras de pele para os testes:
Natura e a sustentabilidade
A sustentabilidade é um ponto que se tornou parte da identidade da Natura e, é claro, que as medidas adotadas pela companhia acabaram por não somente a fortalecer o meio ambiente, mas o marketing da companhia.
Independente se as decisões sustentáveis são tomadas por questões de faturamento por meio de um marketing verde ou se fazem parte da cultura empresarial que possuem, o fato é que os selos e certificações conquistados servem de exemplo para outras gigantes de cosméticos ainda atrasadas nesse quesito.
Tamanho reconhecimento é importante até mesmo em nível global, visto que no início de 2019 a Natura foi agraciada pelo 15º lugar no ranking das empresas mais sustentáveis do mundo, o Global 100, da Corporate Knights.Ao mesmo passo, no Brasil, a companhia foi eleita a mais sustentável do ano de 2018.
Entre as estratégias que a levaram até os top 20 do ranking estão a certificação do The Leaping Bunny da Cruelty Free, os projetos de reflorestamento e preservação da flora e fauna amazônica, os projetos de embalagens reutilizáveis e até adoções de redução de poluentes nas fábricas.
Veja no vídeo, abaixo, o comunicador oficial da Natura para entender o posicionamento da marca em relação ao tema desta matéria:
Os produtos da Natura são veganos?
Não inteiramente, afinal, alguns itens de maquiagem usam em sua composição cera de abelha e lanolina – contudo, esses são extraídos sem interferir de maneira negativa na vida desses animais. Além disso, todo o restante da linha de produtos da marca, inclusive os sabonetes, podem ser considerados veganos.
Lista de empresas de cosméticos brasileiras que fazem testes em animais
- Johnson e Johnson;
- Revlon;
- Unilever;
- Dolce & Gabbana;
- Close-up;
- L’Occitane;
- A.C;
- Olay;
- Mary Kay;
- P&G.
Lista de empresas de cosméticos brasileiras que não fazem testes em animais
- Abelha Rainha;
- Acquaflora;
- Impala;
- Hinode;
- Anhembi;
- Natura;
- Boticário;
- Racco;
- Ecco Brasil;
- Ypê.