No sul da vibrante Espanha, Andaluzia se destaca como uma região produtora de vinhos com longa tradição e sabores distintos.
Dos vinhos fortificados e ricos em história aos exemplares mais jovens que despontam no cenário vitivinícola, Andaluzia oferece um leque de experiências enológicas que refletem seu “terroir” e métodos ancestrais.
As províncias de Cádiz e Málaga, em particular, abrigam denominações de origem que marcaram o cenário global com bebidas emblemáticas: o Jerez (ou Sherry), os vinhos fortificados doces de Málaga, e os variados vinhos das Sierras de Málaga.
Vinhos Jerez/Xérez
Na Província de Cádiz, o Triângulo do Jerez – formado pelas cidades de Jerez de la Frontera, Sanlúcar de Barrameda e El Puerto de Santa María – é o berço dos venerados vinhos conhecidos como Jerez, ou Xérez em terras brasileiras.
Essa tradição vitivinícola se baseia principalmente na uva Palomino, que compõe os estilos secos, como Fino e Oloroso. Estes últimos podem alcançar um teor alcoólico de até 15,5% devido à inclusão de brandy após a fermentação, um processo que fortifica e confere as características notáveis ao vinho.
A complexidade do Sherry também é resultado do sistema ‘solera’, um método multicamadas de envelhecimento que permite o desenvolvimento de sabores consistentes e proeminência de qualidade.
O consumo de Sherry alcança números significativos, especialmente a versão Cream, mais adocicada, que atrai paladares exigentes e se tornou um aperitivo tradicional.
Além disso, os chamados Vintage Sherry são guardados separadamente quando provém de anos excepcionais, adicionando outra camada de exclusividade à sua já prestigiada reputação.
Vinhos de Malaga
Ao considerarmos a província de Málaga, entramos em um capítulo doce e intensamente aromático da vitivinicultura andaluza.
É nesta região que são criados vinhos fortificados de perfil adocicado, predominantemente a partir das uvas Pedro Ximenez e Moscatel, e algumas vezes Airén.
Málaga possui um legado que remonta aos tempos romanos, mostrando que seu solo e clima têm sido parceiros ideais na produção de vinhos por séculos. É costumeiro saborear esses vinhos após as refeições ou incorporá-los na alta gastronomia, enriquecendo pratos com sua doçura e complexidade.
A província aloca três Denominações de Origem (DOs): Málaga, Sierra de Málaga e Pasas de Málaga. Cada uma com seu produto distintivo, sejam vinhos brancos doces, vinhos não fortificados ou mesmo passas de alta qualidade.
Vinhos das Sierras de Málaga
A Denominação de Origem Sierras de Málaga partilha a geografia com sua homônima, porém inclui também exemplares não doces de seu repertório vinícola.
Nas regiões serranas perto de Ronda, o cultivo em altitude acrescenta frescor e diversidade a uma interessante gama de vinhos.
Tintos jovens aproveitam o caráter das uvas como Cabernet Sauvignon e Tempranillo, adicionando corpo e possibilidades de maridagem com as carnes e presuntos da região.
Por outro lado, vinhos brancos feitos com uvas como Chardonnay e Macabeo capturam a essência da costa, acompanham frutos do mar com mestria e destacam-se por sua leveza e notas frutadas.
Os critérios de produção da Serranía de Ronda são rigorosos: é exigido o uso de 100% de uvas desta subzona específica, além de cumprir com os requisitos de envelhecimento que diferenciam as categorias Crianza, Reserva e Gran Reserva.
Enquanto o tempo e o carvalho trabalham em harmonia, esses vinhos adquirem uma identidade forte, capaz de comunicar as características incomparáveis do terroir andaluz em cada gole.