Formado em administração no interior do Paraná, o brasileiro Douglas Strabelli saiu do Brasil nos anos 90 com o desejo de viver no exterior. Conseguiu sua primeira experiência fora do país ao morar na Espanha, mas sem saber falar espanhol, o executivo teve dificuldade para arrumar emprego.
Encontrou trabalho no que era comum entre os imigrantes: trabalhar em canteiros de obras. Strabelli fazia de tudo. Era carpinteiro, ajudante e o que mais fosse preciso.
Com a experiência que ganhou nesse período, foi para os Estados Unidos em busca de maiores projetos – e um maior salário, mesmo sem saber falar inglês. Hoje, está no comando da Sagewood, uma empresa com faturamento anual de 210 milhões de dólares, o equivalente a 1,1 bilhão de reais na cotação atual.
Começou trabalhando em conjunto com empreiteiros americanos e fazendo o básico, que ia desde contratar mão de obra a monitorar o trabalho de outros profissionais.
O executivo relata que não foi fácil alcançar o sucesso no “país das oportunidades” como muitos pensam que é. Além da dificuldade em se comunicar, Douglas tinha pouco dinheiro guardado. Com a vivência no país, sua concepção do American Dream (Sonho Americano, em tradução livre) – o termo surgiu na década de 1930 e representa a ideia de um país que oferece boas oportunidades para todos, inclusive para imigrantes – mudou ao perceber as adversidades que enfrentaria.
A minha concepção de American Dream, quando eu ainda estava no Brasil ou mesmo na Espanha, era de ser milionário, mas quando eu cheguei aqui eu entendi que não era bem isso”, conta o empresário.
Durante seus anos vivendo e trabalhando no mercado norte-americano, Strabelli pode perceber diferenças no ambiente de trabalho entre o Brasil e os Estados Unidos, o que o ajudou a criar sua própria empresa.
Ele percebeu que nos EUA existe muito incentivo dos órgãos governamentais, estaduais e municipais para quem deseja empreender, mas que as pessoas não o utilizam. Além disso, existe uma facilidade de acesso e diálogo com autoridades locais, como as prefeituras, o que facilita para quem deseja investir.
Existe também uma oferta de produtos e serviços direcionados a programas e órgãos públicos, que também é pouco utilizada. Enquanto no Brasil, o que torna o processo viável é ter uma boa rede de contatos.
Em busca de um nicho para empreender, Strabelli percebeu que o modo de construção padrão norte-americano é diferente dos brasileiros. E foi aí que ele investiu.
Strabelli tornou-se fundador da empresa Sagewood, fundada em 2000, e conquistou o mercado de luxo dos Estados Unidos. A empresa chama a atenção de brasileiros com grande poder aquisitivo e já comandou grandes obras como o prédio do hotel Fasano Fifth Avenue e uma mansão de 40 milhões de dólares.
Os americanos constroem muita coisa em drywall e em outros materiais cuja montagem é mais rápida, mas a duração pode ser inferior ao usual no Brasil, onde a parede em concreto segue sendo o padrão”, diz ele.
Pensando em como esse modelo de construção traz insegurança para os brasileiros que desejam construir no país, o empresário cresce visando alcançar a população brasileira do país.
Em 20 anos, criou cerca de 350 projetos erguidos nos estados da Flórida e de Nova York. Atualmente, planeja expandir suas construções para o mercado imobiliário de Miami.
Seu trabalho não aposta apenas na construção de imóveis, mas também no relacionamento com clientes, investidores e arquitetos, o que beneficia seu crescimento. A construção do hotel Fasano é um dos frutos da sua estratégia de relacionamento.
Com todo seu esforço, tornou-se exemplo de empreendedor brasileiro que conquistou uma reputação nos Estados Unidos.
Planos para o futuro
Depois de focar nas construções de alto padrão, a Sagewood planeja se voltar para os imóveis da classe média ou para aqueles que querem investir sem gastar muito, pois o mercado de imóveis para estrangeiros é lucrativo no país.
Também planeja convencer os estrangeiros a investirem no Brasil. Um passo um pouco mais complicado devido a desconfiança da população de fora do Brasil sobre o mercado imobiliário brasileiro.
Para isso, vai ser necessário um bom trabalho de marketing. Há ainda muita desconfiança do estrangeiro, boa parte dela injustificada, sobre o mercado imobiliário brasileiro”, relata Strabelli.