Após passar um período de portas fechadas e enfrentar a queda no movimento de clientes por conta das medidas de combate ao novo coronavírus, muitos depositam suas expectativas nas vendas do varejo no fim de ano para começar a se recuperar.
Com a aproximação do Dia das Crianças, Black Friday e Natal, a expectativa dos varejistas é de lojas movimentadas. Entretanto, o Instituto Brasileiro de Executivos do Varejo (Ibevar) projeta um cenário de vendas em baixa para os meses finais de 2020.
Segundo informações do 6 minutos, a projeção do Ibevar é de que a médias das vendas do varejo em novembro (quando acontece a Black Friday) devem ser 6,6% inferiores às registradas no mesmo período do ano passado.
Um dos motivos para o otimismo do comerciante brasileiro com os próximos meses era a expectativa de que os consumidores estivessem dispostos a gastar. Isso porque muitas pessoas não foram às compras durante a pandemia, por conta das medidas de isolamento social ou do medo do desemprego, e poderiam compensar nos próximos meses.
Mas a pandemia segue sem tem sequer previsões de acabar, e o desemprego registrou taxa recorde segundo dados divulgados nesta semana. O trimestre encerrado em julho fechou com 13,1 milhões de desempregados no Brasil, o que representa um índice de desemprego de 13,8%. Este é o maior valor registrado na série histórica da pesquisa do IBGE, que foi iniciada em 2012.
Todos os setores do varejo em queda
De acordo com o Ibevar, alguns setores devem conseguir recuperar o faturamento nos próximos meses. Em comparação com novembro de 2019, três setores têm projeção de alta no mês da Black Friday. São eles: móveis e eletrodomésticos (15,9%), supermercados (12,1%), e materiais de construção (6%).
Angelo lembra que os supermercados não pararam de vender por conta dos itens de necessidades básicas, e tampouco fecharam durante a quarentena. Enquanto isso, outros setores conseguiram amortecer a queda no faturamento por conta do crescimento do e-commerce.
O setor de cosméticos, por exemplo, foi impulsionado pelo comércio digital no primeiro semestre. Outro segmento que a princípio se saiu bem com as mudanças foi o de informática, que chegou a registrar a maior alta nas vendas online em 2020. Mas este deve ter queda de 27,7% em novembro, segundo a Ibevar.
Sobre o caso dos eletroeletrônicos, o presidente do instituto destacou que os varejistas sofreram bastante em março, mas foram rápidos ao se adaptarem a outros canais de vendas, e assim conseguiram amenizar os prejuízos.
Por outro lado, o comércio de produtos que não são de primeira necessidade, e os varejistas que não têm presença forte no e-commerce ficam para trás. O setor de moda, por exemplo, deve vender 49% menos nesta Black Friday em comparação com a do ano passado, segundo o instituto. Também devem ter quedas significativas as livrarias e papelarias: faturamento 43% menor.
- Veja também: As 5 lojas que mais lucraram com vendas online em 2020.
Varejo fecha o ano de 2020 no prejuízo
As baixas projeções do Ibevar para a Black Friday, um dos eventos que mais geram vendas do ano, refletem um 2020 péssimo para o varejo.
Para o presidente do instituto, este foi um ano perdido para o comércio brasileiro. O executivo afirma que a estimativa no início do ano era de um crescimento de 3% do setor. No entanto, o que foi registrado até aqui é um faturamento 6% menor do que o do ano passado. O executivo acredita que isto demonstra como o brasileiro perdeu poder de compra com a crise.
Além disso, Angelo ressalta que não é possível afirmar se o pior já passou, pois ao menos para o varejo pode ser que a ferida ainda não tenha sido estancada. Ele lembra que a pandemia é uma crise sem precedentes, pois diferente de outras recessões não se limita ao campo da economia. Para ele, a pandemia é como um cataclismo, pois prejudicou relações e deixou a economia totalmente desorganizada.